Nossa História

     A Clínica de Saúde da Família Olímpia Esteves, CFOE, foi inaugurada em 14 de novembro de 2009, num vazio sanitário da Zona Oeste da Cidade do Rio de Janeiro, levando a atenção primária em saúde a uma população estimada inicialmente em 24 mil cidadãos. Hoje com sete Equipes de Saúde da Família e seis Equipes de Saúde Bucal (uma da modalidade 1, com dentista, técnico em Higiene Dental e Auxiliar de Saúde Bucal; e cinco da modalidade 2, com dentista e auxiliar de saúde bucal), a CFOE terminou o cadastramento das nossas famílias no mês de março de 2011, e agora prepara-se para aumentar sua cobertura territorial com a implantação da Equipe Murundu e a adequação da relação território/número de habitantes, com a implantação da equipe Miranda Varejão, que absorverá famílias já cadastradas das Equipes de Silva Neto, Vila Nova, Alto D'Ouro, Maravilha e Cachoeira do Barata.

História de Nosso Território

   A CFOE está inserida ao sul da Área de Planejamento 5.1, com seu território adscrito alcançando o extremo sul do bairro de Padre Miguel no limite com o bairro de Bangu, e uma vasta região ao sul do bairro de Realengo conhecida como “Barata”. 

    O Bairro de Realengo tem seu nome derivado da expressão portuguesa "terras realengas", vastas extensões de terras pertencentes à Coroa Portuguesa, mas que eram utilizadas pela população local para a cultura de subsistência e de pastagem de gado bovino, com a criação existindo apenas para fornecer carne aos açougues da cidade. A parte da região, onde hoje é o centro do bairro de Realengo é garantida ao uso público em Carta Régia, através da qual Dom João, ainda príncipe regente, concede em sesmaria ao Senado da Câmara do Rio de Janeiro estes terrenos situados na freguesia de Campo Grande, que também garantiriam a abertura da Estrada Real de Santa Cruz. Porém, parte do território, o mais remoto e que fica junto à serra, já tinha dono desde 1780, pois essas terras abrigavam uma sesmaria doada ao fidalgo Fernandes Barata, de passagem pela região, que ali criou uma olaria e estabeleceu a cultura de laranjas. 

Fazenda dos Barata

   A Fazenda dos Barata eram ponto de paragem para descanso da Família Real, depois Família Imperial, nos seus deslocamentos à província de São Paulo, pela Estrada Real de Santa Cruz, hoje Avenida de Santa Cruz. 

   O Bairro do Barata ainda guarda marcas da forte presença de imigrantes portugueses, notadamente das ilhas dos Açores, que se estabeleceram na região para enviar rapadura, álcool e cachaça para Portugal pelo porto de Guaratiba a mando de D. João, com ruas de nomes alusivos a Portugal, concentradas no território da Equipe de Alto d’Ouro, tais como as ruas Cidade de Braga, Castelo de Guimarães, Alto d’Ouro, Cabo Verde e D. João IV. 

   A presença da Família Barata resiste em ruas com nomes de figuras notórias de sua genealogia, tais como Claudino e Luisa Barata e ainda o nome à serra que rodeia a região. 

   No início do século XIX há a instalação em Realengo da Real Academia Militar, com a instalação da estação ferroviária de Realengo. Esses territórios irão sofrer um boom de crescimento urbano, rápido e desordenado, durante as décadas de 60/80 do século XX, juntamente à parte do território da CFOE inserida nos bairros de Bangu e Padre Miguel, tornando-se um bairro- dormitório de uma população de baixa escolaridade que buscava emprego nas áreas mais nobres e industrializadas da cidade, com o natural aparecimento de ocupações subnormais, não urbanizadas e super populadas, como a comunidades do Sete-sete, em Padre Miguel (em alusão à linha de ônibus nº 777 (Padre Miguel-Madureira)) com ponto final nas imediações, e as consequências da violência urbana que essas subnormalidades acarretam.

A origem do nome do bairro de Padre Miguel

     Miguel de Santa Maria Mochon, o Padre Miguel nasceu em 1879, foi ordenado sacerdote em 29 de junho de 1908 na Espanha, ficou famoso pelos trabalhos comunitários realizados na Igreja de Nossa Senhora da Conceição, em Realengo, por cerca de 40 anos. Foi considerado o maior benemérito da região, após a ter sido desmembrada de Realengo em meados do século 20. Padre Miguel, nome conhecido por todos os cariocas pela escola de samba, foi o primeiro monumento de gratidão de uma comunidade a um padre.

    Espanhol da Aldeia de Dilar, na Catalunha, Padre Miguel chegou a Realengo com apenas 19 anos. O físico franzino não impediu que tivesse uma vida intensa em favor dos pobres, semeando escolas, creches e bibliotecas.

Busto em homenagem ao Padre Miguel, na praça de mesmo nome, em Realengo

  

    O trabalho rendeu prestígio político. Assistente religioso dos Cadetes da antiga Escola Militar do Realengo, conheceu muitos generais. Amigo do Presidente Getúlio Vargas, obteve dele a instalação de um posto da Legião Brasileira de Assistência. O Ministro de Viação e Obras Pública, General Juarez Távora, resolveu dar o nome à Padre Miguel a estação vizinha a de Realengo, já que esse estava estabelecida pelos moradores.

  Nomeado em 1910 como primeiro vigário da Paróquia Nossa Senhora da Conceição do Realengo, foi um reformador da Igreja e criador da primeira Escola Regular da Região, estendendo suas viagens de catequização aos engenhos de N. Sra. da Conceição da Pavuna e do Botafogo, pelo chamado "Caminho do Padre".

   Segundo aqueles que escreveram a sua biografia, ele paciente e resignado, previu aos 67 anos a sua morte para o dia 19 de março, solenidade de São José, patrono da Igreja, do qual era devotíssimo. No dia, uma multidão, nas primeiras horas, foi até a igreja para saber notícias do Padre, e constataram a sua morte, resultando em grande consternação.

   O testamento deixado por Padre Miguel, datado de 7 de março de 1947, doze dias antes da sua morte, era comentado e refletido por todos: “Nasci pobre, vivi pobre e morro pobre; sou um pobre pecador. Ultimamente, devido a minha enfermidade, eu me tornei neurastênico e malcriado; a todos peço perdão; o que recebi gastei com a Igreja e com os pobres”. 

   Como hábito da época foi sepultado na Igreja de Nossa Senhora da Conceição, a qual tanto se dedicou.

   Após sua morte, pelo Decreto nº 9.314, de agosto de 1948, a praça em frente a Igreja passou a ter a denominação de Praça Padre Miguel.

  No ano seguinte, foi inaugurado o monumento, no dia 8 de setembro de 1948, obra do escultor P. Mazzuchelli, como um ato de gratidão do povo, para ser reconhecido por todos os moradores da região.

História de Nossa Unidade

   A implantação da Clínica da Família de Olímpia Esteves remonta à construção de um Posto de Saúde, reivindicação de longa data da população local, e que teve início de seu planejamento no fim da década de 90, início de suas obras no começo dos anos 2000 e longo período de abandono e estagnação pelo poder público de um equipamento que traria benefícios a uma enorme população residente. Em meados de 2009, há a retomada das obras, já visando implantar na nova Unidade de Atenção Básica no conceito da Estratégia Saúde da Família.

Estado da obra em março de 2009

  

    ESF Estratégia Saúde da Família- é um modelo de atendimento assistencial, reorientando o sistema de saúde a partir da atenção básica, criando e mantendo equipes de saúde com vários profissionais que tem como base de trabalho as unidades de saúde, estas equipes atendem às famílias de uma área delimitada, os chamados territórios adscritos, as mesmas são cadastradas e acompanhadas por profissionais desta unidade, incluindo o atendimento no próprio domicílio, assim aproximam-se da comunidade e criam um vínculo com a esta clientela.

  Os profissionais envolvidos no atendimento destas famílias cadastradas em uma determinada Equipe de Saúde da Família prestam atendimento buscando a prevenção de doenças realizando consultas, tratamentos, imunização, acompanhamento pré-natal, busca ativa de agravos, ações de promoção da saúde em escolas e associações sociais e outras atenções que visem a manutenção da saúde das famílias cobertas pela Estratégia. 

   Cada equipe multidisciplinar de saúde, é composta basicamente pelo médico generalista, o enfermeiro, o auxiliar de enfermagem, seis agentes comunitários de saúde, e um agente de vigilância em saúde e uma equipe de Saúde Bucal do tipo 1 ou 2, com odontólogo, técnico em saúde bucal e auxiliar de saúde bucal. A CFOE conta hoje com sete Equipes de Saúde da Família completas, uma ESF incompleta, seis Equipes de Saúde Bucal, sendo cinco da modalidade 1 e uma ESB da modalidade 2, com a presença da TSB.

   Com seis meses de inaugurada, a CFOE está no fim do cadastramento dos usuários de seus territórios adscritos, elaboração do diagnóstico local de cada território por sua respectiva ESF e a implantação dos programas preconizados pelo Ministério da Saúde e pela Secretaria Municipal de Saúde e Defesa Civil.

   O nome da Unidade, chamada de PSF Barata durante sua construção, foi mudado para Olímpia Esteves por voto popular em processo organizado em conjunto pelas lideranças locais e a CAP 5.1. O nome é uma alusão à rua onde se localiza a unidade, tornado-a de fácil memorização e associação para os usuários. O segundo nome mais votado – Hilda Cury – enfermeira local que realizava assistência domiciliar gratuita e atuava como parteira na região também foi lembrado, sendo em homenagem seu nome dado à nossa sala de reuniões e de atividades de grupo.

Auditório Hilda Cury